quarta-feira, 3 de março de 2010

Lembra da aula de biologia? Azinho, azão...

Pra entender exatamente como meu filho tinha a Anemia Falciforme, tive que voltar no tempo, lembrar das velhas e boas aulas de biologia...
Nas pessoas ditas normais, a hemoglobina normal é chamada de A, então o indivíduo é AA, um A recebido do pai e outro da mãe. Na Anemia Falciforme a hemoglobina é anormal e é chamada de S. Pois bem, eu sou AS, tenho o chamado "Traço Falciforme", recebi uma hemoglobina normal A e uma anormal S de meus pais, isso não acarreta mal nenhum no meu organismo, o "traço" não é uma doença, porém, para se ter um filho no método mais tradicional, é preciso uma outra pessoa ( no caso em questão meu ex marido, pai do Luiz Felipe), que também tem uma hemoglobinopatia (doença no sangue), chamada Talassemia, um outro tipo de anemia, no caso dele assintomática, mas com a hemoglobina anormal presente, então, o meu "traço", juntou-se com a outra hemoglobina anormal dele e... infelizmente sobrou pro Luiz Felipe.

Existem muitas variações de Doenças Falciformes, essa variação que se deu entre meu Traço Falciforme e a Talassemia do pai do Luiz Felipe, faz com que a Anemia Falciforme dele não seja tão severa quanto a dos indivíduos que têm a doença em sua forma "pura", os indivíduos SS, mas isso infelizmente não impede que ele sofra com os terríveis sintomas.

Como já citei antes, tive o conhecimento da Anemia Falciforme, quando o Luiz Felipe fez o teste do pezinho, e só assim fomos descobrir o meu "traço" e a talassemia do pai dele, pois não se identifica tais anemias em um hemograma normal, é preciso fazer um exame de sangue chamado ELETROFORESE DE HEMOGLOBINA. Aqui no Brasil o teste do pezinho é garantido por lei, e além de diagnosticar a Anemia Falciforme, várias outras doenças podem ser detectadas, acho ótimo, mas a heletroforese de hemoglobina, o exame que detectou meu "traço", que é o que identifica isso no teste do pezinho, devia fazer parte de qualquer hemograma que se solicita hoje em dia, estou pesquisando e me informando sobre as leis em vigor sobre isto, pois as pessoas que tem o "traço Falciforme", ou outras anemias assintomáticas, podem gerar filhos com problemas, e a Anemia Falciforme não é bolinho não, e se não for diagnosticada, reconhecida e tratada adequadamente, ela mata. Por isso acho tão importante este exame, sabendo o que temos e suas consequências para os herdeiros, podemos fazer a melhor escolha.

Hoje em dia fala-se muito de aconselhamento genético para pessoas que apresentam risco de gerar filhos com Doenças Falciformes, mas se eu não souber que tenho (que foi o meu caso) como posso decidir ter ou não um filho. Se a eletroforese de hemoglobina fizer parte de qualquer hemograma, qualquer pessoa saberá se tem um "traço", uma talassemia, e assim quando quiser ter um filho, terá esta informação valiosa nas mãos.
Pode parecer contraditório o que falarei agora, mas quando quis engravidar de novo, o hematologista que atendia o Luiz Felipe, lá em Campo Grande - MS (morei lá um tempo), me explicou que eu tinha 25% de chances de ter outro filho com Anemia Falciforme, fui muito bem aconselhada, pesquisei, cogitei... mas alguma coisa fala mais forte e... a Ana Luiza veio, e felizmente sem a Anemia Falciforme, no meu caso o aconselhamento genético não funcionou, mas como hoje eu vejo bem de perto os sintomas, as dores, internações, transfusões e, como eu disse antes, para o Luiz Felipe ainda são sintomas mais amenos que para a maioria dos portadores de Anemia Falciforme, acho muito importante poder saber o que se tem e poder optar.

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Um comentário:

  1. Preciso tirar umas dúvidas, se puder entrar em contato vou agradecer muito. Karolsilvap@yahoo.com.br Email.

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