sexta-feira, 28 de maio de 2010

A arte de recomeçar

Fico um tempo sem escrever, aliás, um tempão, e volto, pra desabafar, pra dividir um pouco a minha dor, mesmo que ninguém a sinta... O Luiz Felipe está passando por uma nova crise, e novamente atacou somente a mãozinha esquerda, muita dor e inchaço... que foda, com o perdão da palavra, que merda... Mas se da dor tiramos coisas boas, posso dizer que em cada crise aprendo um pouco com ele. Nessa crise ele parece estar mais consciente, mais maduro no sentido de saber o que é melhor, me pede pra esquentar a compressa, toma água mesmo sem eu ter que ficar em cima, não está fazendo tanta frescura, agora sei que quando chora, é por que a dor está forte...

E depois de toda crise, é um novo começo, pois quando se inicia uma, e a maioria delas é muito dolorosa (em todos os sentidos), pára tudo, bloqueio total, desgaste físico e emocional, tanto pra ele quanto pra mim... Eu me volto inteiramente pra ele, medicação, cuidados... Fico forte e calma pra não passar pra ele minha preocupação, mas por dentro, fico acabada, moída, só o pó. Quem passa por isso sabe, e eu tenho plena consciência de que ele tem sorte, perto de outras crianças com Anemia Falciforme, o Luiz Felipe tem poucas crises e passou por poucas internações.

O que me deixa cansada é essa "gangorra" em que ele está, passa um mês legal, sem crise, outro com uma, duas crises... Estou buscando informações, tratamentos alternativos, qualquer que seja a doença, não podemos achar que "é assim mesmo...", pra mim não cola, não dá, pode-se viver melhor, encontrando novos caminhos, mesmo que seja um novo caminho a cada recomeço... Por ele e pela Ana Luiza, eu tenho que fazer valer a pena todo recomeço, pois ele me ensina a cada crise que passa e ela me ensina a cada dia, que a única coisa que importa na vida, é ser feliz, mesmo com todos os altos e baixos.